Texto Helio Oiticica para atividade de arte

ROSELYPINTOPADILHA1 38 views 2 slides Apr 24, 2025
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Texto sobre vida e obra d ehelio oiticica


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1. Quem foi Hélio Oiticica?
Hélio Oiticica foi um artista plástico brasileiro que nasceu no Rio de Janeiro em 1937 e morreu
em 1980. Sua arte é uma forma de viver que traz a força de suas experiências. Oiticica se destaca
pela riqueza e diversidade de seu projeto poético. As mudanças radicais de sua obra
acompanham o processo de crescimento e transformação que o artista experimenta ao longo de
sua vida. Sua obra expressa, por via sensorial, os problemas de seu tempo, assumindo posição
diante dos fatos que dizem respeito à condição humana e à sociedade. Oiticica é um artista
rigoroso e preocupado com a técnica e com a organização de sua obra. Com criações inovadoras
como metaesquemas, monocromáticos, bilaterais, relevos espaciais, grandes núcleos,
penetráveis, bólides, Parangolé e projetos ambientais, Oiticica construiu, em 25 anos de carreira,
não apenas uma obra, mas um novo vocabulário de formas, sensações e atitudes para a produção
artística contemporânea brasileira.
2. Qual a relação entre o Parangolé e as outras obras de Hélio Oiticica?
A obra Parangolé dá continuidade ao trabalho anterior de Oiticica. Ao longo de toda a sua
trajetória, Oiticica sempre buscou explorar o conteúdo expressivo da cor. Primeiro ele pintou
quadros, depois criou objetos e instalações. Nesse caminho, Oiticica foi expandindo a cor: do
quadro para a parede e da parede para o ambiente; de uma forma plana para uma forma
tridimensional. Mas ele não parou por aí. Depois de ter ocupado o espaço com cores, para que as
pessoas pudessem andar em volta delas, Oiticica colocou pigmentos coloridos em caixas e vidros
para que as pessoas pudessem “pegar as cores”.
3. Como Parangolé inovou o campo da arte?
Com a obra Parangolé, Oiticica deu um passo a mais no seu trabalho com a cor. Vestidas pelas
pessoas, as cores dançam no espaço! Mas a inovação mais radical do Parangolé não foi o fato de
colocar as cores em movimento. O que torna essa série de obras um marco na história da arte é o
convite para que as pessoas participem da criação da obra de arte. A proposta é muito ousada
porque na década de 1960, quando essas obras foram criadas, os papéis do artista e do espectador
da obra de arte eram bem separados: o artista criava e o público apreciava. Uma obra de arte era
apresentada pronta e não devia ser alterada de nenhum modo. Geralmente a obra não devia ser
nem mesmo tocada pelas pessoas. Era para “ver com os olhos”, sem encostar a mão! Oiticica
quebra essa barreira, chamando as pessoas a interagir com o Parangolé. Assim, a obra de arte
deixa de ser um objeto imutável, pois o jeito de dançar a transforma.
4. O que Hélio Oiticica queria com o Parangolé?
Cada pessoa que dança com o Parangolé incorpora nele seu próprio modo de dançar, de ser, de
agir no mundo. Participando, a pessoa se aproxima do lugar do artista, pois ela também cria um
modo seu de movimentar as cores no espaço. Com o convite para interagir com a obra de arte,
Oiticica busca despertar nas pessoas o desejo de explorar o potencial criativo que todo mundo
tem. Veja o que o próprio Oiticica diz sobre isso, em um texto que ele escreveu em 1967 (ele usa
a palavra “proposições” para se referir a obras de arte): “Nas minhas proposições procuro ‘abrir’
o participador para ele mesmo – há um processo de ‘dilatamento’ interior, um mergulhar em si
mesmo necessário à tal descoberta do processo criador – a ação seria a complementação do
mesmo.”Oiticica afirma que, para participar do processo de criação, a pessoa precisa conhecer-
se. Ele se coloca como um incentivador dessa descoberta, e usa a obra de arte como um
instrumento para possibilitar às pessoas conhecerem a si mesmas.
5. O que é ARTE TOTAL?
As obras de arte de Hélio Oiticica exploram todos os sentidos: a visão, o tato, a audição, o
movimento do corpo... Com o Parangolé, Oiticica cria uma obra de arte total, que combina artes
plásticas, música e dança. Essa fusão de diferentes linguagens artísticas representa uma segunda
ruptura no modo como as artes funcionavam naquela época. Combinar tudo foi uma grande
ousadia! Haroldo de Campos, poeta brasileiro importante, fez o seguinte comentário sobre isso:
“O músico da matéria". O artista Hélio Oiticica renunciou ao quadro, incorporou a dança e criou
os ‘Parangolés’.”
6. Em que Hélio Oiticica se inspirou para criar o Parangolé?
Essa grande invenção de Oiticica não surgiu do nada. No campo da arte erudita existia uma
separação rígida: artistas plásticos de um lado, músicos de outro, dançarinos em outro ainda. Mas
nas artes populares não se trabalha desse modo. O próprio Oiticica revela que sua inspiração para
criar o Parangolé veio da sua experiência com o samba, quando ele começou a frequentar os
ensaios da Escola de Samba da Mangueira, no Rio de Janeiro. No trecho a seguir, ele fala sobre o
impacto das manifestações populares na ideia de “arte total” (aqui, ele usa “proposição” com o
sentido de criação): “Houve algo que, a meu ver, determinou de certo modo essa intensificação
para a proposição de uma arte coletiva total: a descoberta de manifestações populares
organizadas (escolas de samba, ranchos, frevos, festas de toda ordem, futebol, feiras), e as
espontâneas ou os ‘acasos’ (‘arte das ruas’ ou antiarte surgida ao acaso). Ferreira Gullar
assinalara já, certa vez, o sentido de arte total que possuiriam as escolas de samba onde a dança,
o ritmo e a música vêm unidos indissoluvelmente à exuberância visual da cor, das vestimentas
etc.”
7. Quem conhecia a arte popular na década de 1960?
Quando Oiticica usa a expressão “descoberta de manifestações populares”, ele se refere a um
processo muito interessante: o de ver, como se fosse pela primeira vez, alguma coisa que sempre
esteve diante dos olhos mas nunca tinha sido notada. Porque é exatamente isso que se passava
com as manifestações populares na década de 1960: embora estivessem sempre presentes, eram
consideradas como algo menor, sem importância ou valor. Aqui, de novo, a obra Parangolé teve
papel inovador no panorama da arte brasileira: contribuiu para mostrar o valor da arte popular.
Ao incorporar elementos do samba – a participação coletiva, a música, a dança, as cores – na
criação de uma obra de arte, Oiticica comemora a alegria, a energia e a descontração do povo
brasileiro.
8. Qual a importância de valorizar a arte popular?
Ao valorizar a arte popular, Hélio Oiticica encontrou muita resistência. O crítico de arte Roberto
Pontual descreve o que aconteceu durante uma apresentação do Parangolé no Museu de Arte
Moderna do Rio de Janeiro em 1967: “Sem qualquer falsa cerimônia, ele carregou para o Museu
as capas, os estandartes e as tendas de seus Parangolés. Mais ainda, quis que os seus convidados
da Escola de Samba da Mangueira se apresentassem no interior do prédio, onde a mostra se
estava inaugurando. Proibido, arranjou um jeito de ir até o fim do que programara. É Gerchman
quem conta: ‘Ele entrou pelo museu adentro com o pessoal da Mangueira, e fomos atrás.
Quiseram expulsá-lo, ele respondeu com palavrões, gritando para todo mundo ouvir: – É isso
mesmo, crioulo não entra no MAM, isto é racismo. E foi ficando exaltado. Expulso, ele foi se
apresentar nos jardins, trazendo consigo a multidão que se acotovelava entre os quadros’.

”Assim, Hélio Oiticica iniciou um movimento que Roberto Pontual chamou “Arte na rua, arte
total”.
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