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Cena I: Jesus entra em Jerusalém
Personagens: Jesus; Mulher que pergunta porque soltam o jumento; 2 discípulos; Povo.
Narrador - Naquele tempo, ao aproximarem-se de Jerusalém,
cerca de Betfagé e de Betânia, junto do monte das Oliveiras,
Jesus enviou dois dos seus discípulos e disse-lhes:
Jesus - «Ide à povoação que está em frente e, logo à entrada,
vereis um jumentinho preso, que ninguém montou ainda.
Soltai-o e trazei-o. E se alguém perguntar porque fazeis isso,
respondei: «O Senhor precisa dele, mas não tardará em
mandá-lo de volta’».
Narrador - Eles partiram e encontraram um jumentinho, preso
a uma porta, cá fora na rua, e soltaram-no. Alguns dos que ali
estavam perguntaram-lhes:
Mulher - «Porque estais a desprender o jumentinho?».
Narrador - Eles responderam-lhes como Jesus tinha dito:
Discípulo - «O Senhor precisa dele, mas não tardará em
mandá-lo de volta’».
Narrador - E eles deixaram-nos ir. Levaram o jumentinho a
Jesus, lançaram-lhe por cima as capas, e Jesus montou nele.
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Muitos estenderam as suas capas no caminho e outros, ramos
de verdura, que tinham cortado nos campos. E tanto os que
iam à frente como os que vinham atrás clamavam:
Povo - «Hossana! Bendito O que vem em nome do Senhor!
Bendito o reino que vem, o reino do nosso pai David!
Hossana nas alturas!»
Narrador - Quando chegou a hora, Jesus sentou-Se à mesa
com os seus Apóstolos e disse-lhes:
Jesus - «Tenho desejado ardentemente comer convosco esta
Páscoa, antes de padecer; pois digo-vos que não tornarei a
comê-la, até que se realize plenamente no reino de Deus».
Narrador - Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, recitou a
bênção e partiu-o, deu-o aos discípulos e disse:
Jesus - «Tomai: isto é o meu corpo;».
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Narrador - Depois tomou um cálice, deu graças e entregou-lho.
E todos beberam dele. Disse Jesus:
Jesus - «Este é o meu sangue, o sangue da nova aliança,
derramado pela multidão dos homens. Em verdade vos digo:
Não voltarei a beber do fruto da videira, até ao dia em que
beberei do vinho novo no reino de Deus».
Entretanto, vos digo: está comigo à mesa a mão daquele que
me vai entregar. O Filho do homem vai partir, como está
determinado. Mas ai daquele por quem ele vai ser entregue!».
Narrador - Eles começaram a entristecer-se e a dizer um após
outro:
Jesus - «A mão daquele que me vai entregar está comigo à
mesa. O Filho do homem vai partir, como está escrito a seu
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respeito, mas ai daquele por quem o Filho do homem vai ser
traído! Teria sido melhor para esse homem não ter nascido».
Narrador - Judas, que o ia entregar, tomou a palavra e
perguntou:
Judas - «Serei eu, Mestre?».
Narrador - Disse-lhes Jesus:
Jesus - «Tu o disseste».
Narrador - E acrescentou:
Jesus - «Todos vós Me abandonareis, como está escrito:
‘Ferirei o pastor e dispersar-se-ão as ovelhas’. Mas depois de
ressuscitar, irei à vossa frente para a Galileia».
Narrador - Disse-Lhe Pedro:
Pedro - «Embora todos Te abandonem, eu não».
Narrador - Jesus respondeu-lhe:
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Jesus - «Em verdade te digo: Hoje, esta mesma noite, antes de
o galo cantar duas vezes, três vezes Me negarás».
Narrador - Mas Pedro continuava a insistir:
Pedro - «Ainda que tenha de morrer contigo, não Te negarei».
Narrador - E todos afirmaram o mesmo. Então Jesus
perguntou-lhes:
Jesus - «Quando vos enviei sem bolsa, sem sacola e sem
sandálias, faltou-vos alguma coisa?»
Narrador - Eles responderem que não lhes faltou nada. Então
Jesus disse-lhes:
Jesus - «Mas agora, quem tiver uma bolsa pegue nela, bem
como no alforge; e quem não tiver espada venda a capa e
compre uma. Porque eu vos digo que se deve cumprir em mim o
que está escrito: ‘Foi contado entre os malfeitores’. Na verdade,
o que me diz respeito está a chegar ao fim».
Narrador - Eles disseram:
Apóstolos - «Senhor, estão aqui duas espadas».
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Narrador - Mas Jesus respondeu:
Jesus - «Basta».
Narrador - Então saiu e foi, como de costume, para o monte
das Oliveiras…
Cena III: Monte das Oliveiras
Personagens: Discípulos: Pedro, Tiago, João
Narrador - Então, Jesus chegou com eles a uma propriedade,
chamada Getsémani, e disse aos discípulos:
Jesus - «Ficai aqui, enquanto eu vou além orar».
Narrador - E, tomando consigo Pedro e os dois filhos de
Zebedeu (Tiago e João), começou a entristecer-se e a
angustiar-se. Disse-lhes então:
Jesus - «A minha alma está numa tristeza de morte.
Ficai aqui e vigiai comigo».
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Narrador - E adiantando-se um pouco mais, caiu com o rosto
por terra, enquanto orava e dizia:
Jesus - «Meu Pai, se é possível, passe de Mim este cálice.
Todavia, não se faça como eu quero, mas como tu queres».
Narrador - Depois, foi ter com os discípulos, encontrou-os a
dormir e disse a Pedro:
Jesus - «Nem sequer pudestes vigiar uma hora comigo! Vigiai e
orai, para não cairdes em tentação. O espírito está pronto, mas
a carne é fraca».
Narrador - De novo se afastou, pela segunda vez, e orou,
dizendo:
Jesus - «Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que eu o
beba, faça-se a tua vontade».
Narrador - Voltou novamente e encontrou-os a dormir, pois os
seus olhos estavam pesados de sono. Deixou-os e foi de novo
orar, pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras. Veio
então ao encontro dos discípulos e disse-lhes:
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Jesus - «Dormi agora e descansai. Chegou a hora em que o
filho do homem vai ser entregue às mãos dos pecadores.
Levantai-vos, vamos. Aproxima-se aquele que Me vai entregar».
Cena IV: Jesus é preso
Personagens: Judas; Jesus; Apóstolos (Pedro, Tiago e João); Soldados; Sumo
Sacerdotes: Anás e Caifás;
Narrador - Ainda Jesus estava a falar, quando chegou Judas,
um dos doze, e com ele uma grande multidão, com espadas e
varapaus, enviada pelos príncipes dos sacerdotes e pelos
anciãos do povo.
O traidor tinha-lhes dado este sinal: «Aquele que eu beijar, é
esse mesmo. Prendei-o».
Aproximou-se imediatamente de Jesus e disse-Lhe:
Judas - «Salve, Mestre!».
Narrador - Disse-lhe Jesus:
Jesus - «Amigo, a que vieste?».
Narrador - Judas beijou Jesus e Jesus disse-lhe:
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Jesus - «Judas, é com um beijo que entregas o Filho do
homem?».
Narrador - Ao verem o que ia suceder, os que estavam com
Jesus perguntaram-lhe:
Apóstolos - «Senhor, vamos feri-los à espada?».
Narrador - E um deles feriu o servo do sumo sacerdote,
cortando-lhe a orelha direita.
Mas Jesus interveio, dizendo:
Jesus - «Basta! Deixai-os».
Narrador - E, tocando na orelha do homem, curou-o.
Disse então Jesus aos que tinham vindo ao seu encontro,
príncipes dos sacerdotes, oficiais do templo e anciãos:
Jesus - «Vós saístes com espadas e varapaus, como se
viésseis ao encontro dum salteador.
Eu estava todos os dias convosco no templo e não me
deitastes as mãos.
Mas, tudo isto aconteceu para se cumprirem as Escrituras dos
profetas».
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Narrador - Então todos os discípulos O abandonaram e fugiram.
Cena V: Jesus elevado a Caifás
Personagens: 2 Testemunhas, 2 Criadas, Soldados, Sumo Sacerdotes: Anás e Caifás;
Acusadores; Pedro; Povo;
Narrador - Então, a companhia de soldados, o oficial e os
guardas dos judeus apoderaram-se de Jesus e manietaram-no.
Levaram-no primeiro a Anás, por ser sogro de Caifás, que era o
sumo sacerdote nesse ano.
Caifás é que tinha dado o seguinte conselho aos judeus:
«Convém que morra um só homem pelo povo».
Pedro foi-o seguindo de longe, até ao palácio do sumo
sacerdote.
Estavam ali presentes os servos e os guardas, que, por causa
do frio, tinham acendido um braseiro e se aqueciam.
Pedro também se encontrava com eles a aquecer-se.
Entretanto, o sumo sacerdote interrogou Jesus acerca dos seus
discípulos e da sua doutrina.
Anás - Diz-me, Jesus, que doutrinas tens andado a ensinar e
em nome de quem?
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Narrador - Jesus respondeu-lhe:
Jesus - «Falei abertamente ao mundo. Sempre ensinei na
sinagoga e no templo, onde todos os judeus se reúnem, e não
disse nada em segredo.
Porque me interrogas? Pergunta aos que me ouviram o que lhes
disse: eles bem sabem aquilo de que lhes falei».
Narrador - A estas palavras, um dos guardas que estava ali
presente deu uma bofetada a Jesus e disse-lhe:
Soldado - «É assim que respondes ao sumo sacerdote?».
Narrador - Jesus respondeu-lhe:
Jesus - «Se falei mal, mostra-me em quê. Mas, se falei bem,
porque me bates?».
Narrador - Então Anás mandou Jesus manietado ao sumo
sacerdote Caifás:
Anás - Levemo-Lo a Caifás e veremos o que ele diz.
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Narrador - Entretanto, os príncipes dos sacerdotes e todo o
Sinédrio procuravam um testemunho falso contra Jesus para o
condenarem à morte, mas não o encontravam, embora se
tivessem apresentado muitas testemunhas falsas.
Por fim, apresentaram-se duas que disseram:
Testemunhas - «Este homem afirmou: ‘Posso destruir o templo
de Deus e reconstruí-lo em três dias’».
Narrador - Então o sumo sacerdote levantou-se e disse a
Jesus:
Caifás - «Não respondes nada? Que dizes ao que depõem
contra ti?».
Narrador - Mas Jesus continuava calado.
Disse-lhe o sumo sacerdote:
Caifás - «Eu Te conjuro pelo Deus vivo, que nos declares se és
Tu o Messias, o Filho de Deus».
Narrador – Disse-lhe Jesus:
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Jesus - «Tu o disseste. E eu digo-vos: vereis o Filho do homem
sentado à direita do Todo-poderoso, vindo sobre as nuvens do
céu».
Narrador - Então o sumo sacerdote rasgou as vestes, dizendo:
Caifás - «Blasfemou. Que necessidade temos de mais
testemunhas? Acabais de ouvir a blasfémia. Que vos parece?».
Narrador - Eles responderam:
Acusadores - «É réu de morte».
Narrador - Cuspiram-Lhe então no rosto e deram-Lhe
punhadas. Outros esbofeteavam-no, dizendo:
Povo - «Adivinha, Messias: quem foi que Te bateu?».
Narrador - Entretanto, Pedro estava sentado no pátio.
Uma criada aproximou-se dele e disse-lhe:
Criada - «Tu também estavas com Jesus, o galileu».
Narrador - Mas ele negou diante de todos, dizendo:
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Pedro - «Não sei o que dizes».
Narrador - Dirigindo-se para a porta, foi visto por outra criada
que disse aos circunstantes:
Criada - «Este homem estava com Jesus de Nazaré».
Narrador - E, de novo, ele negou com juramento:
Pedro - Não conheço tal homem».
Narrador - Pouco depois, aproximaram-se os que ali estavam e
disseram a Pedro:
Criadas - «Com certeza tu és deles, pois até a fala te
denuncia».
Narrador - Começou então a dizer imprecações e a jurar:
Pedro - «Não conheço tal homem».
Narrador - E, imediatamente, um galo cantou. Então, Pedro
lembrou-se das palavras que Jesus dissera:
«Antes de o galo cantar, tu Me negarás três vezes».
E, saindo, chorou amargamente.
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Cena VI: Jesus é levado a Pilatos
Personagens: Pilatos; Soldados; Sumo Sacerdotes: Anás e Caifás; Mulher de Pilatos;
Herodes; Povo.
Narrador - Depois, levaram Jesus da residência de Caifás ao
pretório.
Eles não entraram no pretório, para não se contaminarem e
assim poderem comer a Páscoa.
Pilatos veio cá fora ter com eles e perguntou-lhes:
Pilatos - «Que acusação trazeis contra este homem?».
Narrador - Eles responderam-lhe:
Sumo Sacerdotes - «Se não fosse malfeitor, não to entregava-
mos».
Narrador - Disse-lhes Pilatos:
Pilatos - «Tomai-o vós próprios e julgai-o segundo a vossa lei».
Narrador - Os judeus responderam:
Sumo Sacerdotes - «Não nos é permitido dar a morte a
ninguém».
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Narrador - Assim se cumpriam as palavras que Jesus tinha dito,
ao indicar de que morte ia morrer.
Entretanto, Pilatos entrou novamente no pretório, chamou Jesus
e perguntou-Lhe:
Pilatos - «Tu és o Rei dos Judeus?».
Narrador - Jesus respondeu-lhe:
Jesus - «É por ti que o dizes, ou foram outros que to disseram
de Mim?».
Narrador - Disse-Lhe Pilatos:
Pilatos - «Porventura sou eu judeu?
O teu povo e os sumos sacerdotes é que Te entregaram a Mim.
Que fizeste?».
Narrador - Jesus respondeu:
Jesus - «O meu reino não é deste mundo.
Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam
para que Eu não fosse entregue aos judeus.
Mas o meu reino não é daqui».
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Narrador - Disse-Lhe Pilatos:
Pilatos - «Então, Tu és rei?».
Narrador - Jesus respondeu-lhe:
Jesus - «É como dizes: sou rei. Para isso nasci e vim ao
mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é
da verdade escuta a minha voz».
Narrador - Disse-lhe Pilatos:
Pilatos - «Que é a verdade?».
Narrador - Dito isto, saiu novamente para fora e declarou aos
judeus:
Narrador - Tendo Pilatos sabido que Jesus era galileu; e, ao
saber que era da jurisdição de Herodes, enviou-O a Herodes,
que também estava nesses dias em Jerusalém. Ao ver Jesus,
Herodes ficou muito satisfeito. Havia bastante tempo que O
queria ver, pelo que ouvia dizer d’Ele, e esperava que fizesse
algum milagre na sua presença. Fez-Lhe muitas perguntas, mas
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Ele nada respondeu. Os príncipes dos sacerdotes e os escribas
que lá estavam acusavam-n’O com insistência. Herodes, com os
seus oficiais, tratou-O com desprezo e remeteu-O de novo a
Pilatos. Herodes e Pilatos, que eram inimigos, ficaram amigos
nesse dia. Pilatos convocou os príncipes dos sacerdotes, os
chefes e o povo, e disse-lhes:
Pilatos - «Trouxestes este homem à minha presença como
agitador do povo. Interroguei-O diante de vós e não encontrei
n’Ele nenhum dos crimes de que O acusais. Herodes também
não, uma vez que no-l’O mandou de novo. Como vedes, não
praticou nada que mereça a morte». «Mas vós estais habituados
a que eu vos solte alguém pela Páscoa.
Quereis que vos solte o rei dos Judeus?».
Narrador - Eles gritaram de novo:
Povo - «Esse não. Antes Barrabás».
Narrador - Barrabás era um salteador.
Então Pilatos mandou que levassem Jesus e o açoitassem.
Os soldados teceram uma coroa de espinhos, colocaram-lha na
cabeça e envolveram Jesus num manto de púrpura.
Depois aproximavam-se dele e diziam:
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Soldados - «Salve, rei dos Judeus».
Narrador - E davam-Lhe bofetadas.
Pilatos saiu novamente para fora e disse:
Pilatos - «Eu vo-lo trago aqui fora, para saberdes que não
encontro nele culpa nenhuma».
Narrador - Jesus saiu, trazendo a coroa de espinhos e o manto
de púrpura. Pilatos disse-lhes:
Pilatos - «Eis o homem».
Narrador - Quando viram Jesus, os príncipes dos sacerdotes e
os guardas gritaram:
Pilatos - «Tomai-O vós mesmos e crucificai-o, que eu não
encontro nele culpa alguma».
Narrador - Responderam-lhe os judeus:
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Sumo Sacerdote - «Nós temos uma lei e, segundo a nossa lei,
deve morrer, porque se fez Filho de Deus».
Narrador - Quando Pilatos ouviu estas palavras, ficou
assustado. Voltou a entrar no pretório e perguntou a Jesus:
Pilatos - «Donde és Tu?».
Narrador - Mas Jesus não lhe deu resposta.
Disse-Lhe então Pilatos:
Pilatos - «Não me falas? Não sabes que tenho poder para Te
soltar e para Te crucificar?».
Narrador - Jesus respondeu-lhe:
Jesus - «Nenhum poder terias sobre Mim, se não te fosse dado
do alto. Por isso, quem Me entregou a ti tem maior pecado».
Narrador - A partir de então, Pilatos procurava libertar Jesus.
Mas os judeus gritavam:
Sumo Sacerdotes - «Se o libertares, não és amigo de César:
todo aquele que se faz rei é contra César».
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Narrador - Ao ouvir estas palavras, Pilatos trouxe Jesus para
fora e sentou-se no tribunal, Ele bem sabia que o tinham
entregado por inveja. Enquanto estava sentado no tribunal, a
mulher mandou-lhe dizer:
Mulher de Pilatos - «Não te prendas com a causa desse justo,
pois hoje sofri muito em sonhos por causa dele».
Narrador - Entretanto, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos
persuadiram a multidão a que pedisse Barrabás e fizesse morrer
Jesus. O governador tomou a palavra e perguntou-lhes:
Pilatos - «Qual dos dois quereis que vos solte?».
Narrador - A multidão gritou:
Povo - «Barrabás».
Narrador - Pilatos perguntou-lhes:
Pilatos - «E que hei-de fazer de Jesus, chamado Cristo?».
Narrador - Eles gritaram:
Povo - «Seja crucificado».
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Narrador - Pilatos perguntou-lhes:
Pilatos - «Que mal fez Ele?».
Narrador - Mas eles gritavam cada vez mais:
Povo - «Seja crucificado».
Narrador - Pilatos, vendo que não conseguia nada e aumentava
o tumulto, mandou vir água e lavou as mãos na presença da
multidão, dizendo:
Pilatos - «Estou inocente do sangue deste homem. Isso é lá
convosco».
Narrador - E todo o povo respondeu:
Povo - «O seu sangue caia sobre nós e sobre os nossos filhos».
Narrador - Soltou-lhes então Barrabás. Entregou-lhes então
Jesus, para ser crucificado. E eles apoderaram-se de Jesus.
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Cena VII: Jesus carrega a cruz
Personagens: Verónica; Simão de Cirene; Nossa Senhora; 2 Marias; Judas enforcado;
Narrador - Levando a cruz, Jesus saiu para o chamado Lugar do
Calvário, que em hebraico se diz Gólgota.
(Dp. 1ª queda: Encontro com mãe / Dp. 2ª queda: Verónica enxuga o rosto).
No caminho, vê-se Judas. Enforcado. Depois da 3ª queda de Jesus:
Narrador - No caminho, encontraram um homem de Cirene,
chamado Simão, que vinha do campo, e puseram-lhe a cruz às
costas, para a levar atrás de Jesus.
Seguia-o grande multidão de povo e mulheres que batiam no
peito e se lamentavam, chorando por ele. Mas Jesus voltou-se
para elas e disse-lhes:
Jesus - «Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai
antes por vós mesmas e pelos vossos filhos; pois dias virão em
que se dirá: ‘Felizes as estéreis, os ventres que não geraram e
os peitos que não amamentaram’. Começarão a dizer aos
montes: ‘Caí sobre nós’; e às colinas: ‘Cobri-nos’. Porque, se
tratam assim a madeira verde, que acontecerá à seca?».
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Cena VIII: No calvário
Personagens: 2 Ladrões (bom + mau); Sumos Sacerdotes; Soldados;
Narrador - Quando chegaram ao lugar chamado Calvário,
crucificaram-no a Ele e aos malfeitores, um à direita e outro à
esquerda. Jesus dizia:
Jesus - «Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem».
Narrador - Os guardas deitaram sortes para repartirem entre si
as vestes de Jesus.
O povo permanecia ali a observar.
Por sua vez, os chefes zombavam e diziam:
Sumos Sacerdotes - «Salvou os outros: salve-Se a Si mesmo,
se é o Messias de Deus, o Eleito».
Narrador - Também os soldados troçavam dele; aproximando-
se para lhe oferecerem vinagre, diziam:
Soldados - «Se és o Rei dos Judeus, salva-Te a Ti mesmo».
Narrador - Por cima dele havia um letreiro: «Este é o Rei dos
Judeus». Entretanto, um dos malfeitores que tinham sido
crucificados insultava-o, dizendo:
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Ladrão (mau) - «Não és Tu o Messias?
Salva-Te a Ti mesmo e a nós também».
Narrador - Mas o outro, tomando a palavra, repreendeu-o:
Ladrão (bom) - «Não temes a Deus, tu que sofres o mesmo
suplício? Quanto a nós, fez-se justiça, pois recebemos o castigo
das nossas más ações. Mas ele nada praticou de condenável».
Narrador - E acrescentou:
Ladrão (bom) - «Jesus, lembra-Te de mim, quando vieres com
a tua realeza».
Narrador - Jesus respondeu-lhe:
Jesus - «Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso».
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Cena IX: Crucificação
Personagens: João (dic.pred.); Nossa Senhora; Maria Mulher de Cléofas; Maria Madalena;
Narrador - Estavam junto à cruz de Jesus sua Mãe, a irmã de
sua Mãe, Maria mulher de Cléofas, e Maria Madalena.
Ao ver sua Mãe e o discípulo predileto, Jesus disse a sua Mãe:
Jesus - «Mulher, eis o teu filho».
Narrador - Depois disse ao discípulo:
Jesus - «Eis a tua Mãe».
Narrador - E a partir daquela hora, o discípulo recebeu-a em
sua casa.
Cena X: Morte de Jesus
Personagens: João (dic.pred.); Nossa Senhora; Maria de Cléofas; Maria Madalena; Povo;
Soldados;
Narrador - Desde o meio-dia até às três horas da tarde, as
trevas envolveram toda a terra. E, pelas três horas da tarde,
Jesus clamou com voz forte:
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Jesus - «Eli, Eli, lemá sabactáni?»
Narrador – Que quer dizer: «Meu Deus, meu Deus, porque me
abandonastes?».
Alguns dos presentes, ouvindo isto, disseram:
Povo - «Está a chamar por Elias».
Narrador – E outros diziam:
Povo - «Deixa lá. Vejamos se Elias vem salvá-lo».
Narrador - Depois, sabendo que tudo estava consumado e para
que se cumprisse a Escritura, Jesus disse:
Jesus - «Tenho sede».
Narrador - Estava ali um vaso cheio de vinagre. Prenderam a
uma vara uma esponja embebida em vinagre e levaram-lha à
boca. Quando Jesus tomou o vinagre, exclamou:
Jesus - «Tudo está consumado».
Narrador - E, inclinando a cabeça, expirou.
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Cena XI
Personagens: José de Arimateia; João (dic.pred.); Nossa Senhora; Maria de Cléofas;
Maria Madalena; Soldados;
Narrador - Então, o véu do templo rasgou-se em duas partes,
de alto a baixo; a terra tremeu e as rochas fenderam-se.
Abriram-se os túmulos
e muitos dos corpos de santos que tinham morrido ressuscitaram;
e, saindo do sepulcro, depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e
apareceram a muitos.
Entretanto, o centurião e os que com ele guardavam Jesus, ao
verem o tremor de terra e o que estava a acontecer, ficaram
aterrados e disseram:
Soldado - «Este era verdadeiramente Filho de Deus»
Narrador - Havia um homem chama do José, da cidade de
Arimateia, que era pessoa reta e justa e esperava o reino de
Deus.
Era membro do Sinédrio, mas não tinha concordado com a
decisão e o proceder dos outros.
Foi ter com Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus.
E, depois de o ter descido da cruz, envolveu-o num lençol e
depositou-o num sepulcro escavado na rocha, onde ninguém
ainda tinha sido sepultado.